Afinal, a aquisição da fala no autismo pode e costuma ser bem diferente do processo nas crianças neurotípicas.
Porém, mesmo cientes dessa possibilidade de atraso na fala, as famílias se sentem inseguras para procurar ajuda especializada, por não saber, muitas vezes, o que esperar do desenvolvimento de seu filho.
Pois saiba que, quanto mais cedo você buscar atendimento, maiores as chances de o seu pequeno desenvolver todo o potencial de comunicação.
E é justamente para esclarecer essas questões sobre a fala da criança com TEA que preparamos esse artigo. Aqui, você vai descobrir se é verdade que quem tem autismo demora para falar, qual o grau de autismo que não fala e como ensinar o seu filho autista a falar.
Vem com a gente!
Quem tem autismo demora para falar?
Na verdade, nem sempre o pequeno com TEA demora mais do que uma criança neurotípica para começar a falar, embora o atraso da fala e a regressão das habilidades de comunicação sejam frequentes em autistas. Aliás, as duas situações são consideradas sinais de alerta para um possível diagnóstico do transtorno.
Os estudos apontam que os déficits de comunicação nas crianças com TEA apresentam-se desde muito cedo, geralmente, até os 2 anos de idade.
Embora essa fase seja marcada pela aquisição de palavras e formulação das primeiras frases, a demora para alcançar esse marco do desenvolvimento nem sempre é indício de que existe, de fato, um problema.
Afinal, “cada criança tem seu tempo” é uma das frases mais repetidas quando se trata de desenvolvimento infantil.
Contudo, à medida que o pequeno cresce, outros sintomas relacionados à capacidade de comunicação — que interferem no desenvolvimento da fala — se tornam mais evidentes.
Por isso, conhecer os sinais de autismo na fala é de grande ajuda para que os pais identifiquem a necessidade de avaliação fonoaudiológica para iniciar a intervenção mais adequada o quanto antes.
Quais os sinais de autismo na fala?
Os principais sinais de autismo que aparecem na fala da criança envolvem a defasagem em relação aos marcos de desenvolvimento, desafios de comunicação e no uso das palavras e frases.
Esses sinais variam em intensidade e apresentação, mas você deve prestar atenção à sua ocorrência para fornecer o suporte de que seu filho precisa. Confira quais são.
1. Desenvolvimento mais lento da fala e linguagem
Um dos sinais mais frequentes é o atraso no desenvolvimento da fala. Crianças autistas podem começar a falar mais tarde do que o esperado, muitas vezes, sem atingir os marcos típicos de linguagem para a idade.
Além disso, alguns pequenos apresentam regressão na fala, ou seja, a perda de habilidades linguísticas já adquiridas. Nessa situação, é comum que a criança pare de dizer palavras que usava regularmente ou até mesmo deixe de falar.
2. Dificuldade na comunicação social
Crianças autistas podem enfrentar desafios de linguagem para se comunicar com outras pessoas, como dificuldades para iniciar ou manter uma conversa, responder a perguntas ou fazer indagações apropriadas.
Gestos e expressões faciais — tão comuns na comunicação humana — também podem ser um desafio para as crianças com TEA. Elas podem não compreender a intenção de um sorriso, por exemplo, nem perceber quando alguém está triste.
3. Repetição de palavras ou frases (ecolalia)
A ecolalia é a repetição de palavras ou frases e pode ser imediata — quando a criança repete o que acabou de escutar — ou tardia, quando a repetição envolve expressões ouvidas anteriormente, em outro contexto.
Embora a ecolalia seja uma etapa normal do desenvolvimento, em crianças autistas, essa fase pode persistir por mais tempo e ocorrer de forma mais frequente.
4. Uso insistente de palavras fora de contexto
Algumas crianças autistas usam palavras ou frases repetidamente e fora de contexto. Por exemplo, seu filho pode dizer "porta" várias vezes ao longo do dia, mesmo se não houver uma porta por perto.
Diferentemente da ecolalia, esse comportamento pode estar relacionado a fixações em um tema ou objeto específico, que são comuns no autismo.
Atenção! Isolados, esses sinais não são, necessariamente, indicativos de autismo. Por isso, é sempre muito importante procurar um profissional especialista para avaliar a criança e identificar ou não o TEA.
Diante de tudo o que conversamos até aqui, ainda resta a pergunta inicial:
Afinal, com quantos anos uma criança autista começa a falar?
Não existe uma resposta exata para essa pergunta. A aquisição da fala nas crianças com TEA é muito particular, e cada uma pode apresentar diferentes dificuldades e necessidade de suporte para o desenvolvimento. Assim, algumas começam a falar com 2 ou 3 anos, outras podem nunca desenvolver a comunicação verbal.
Essas diferenças no desenvolvimento das habilidades de comunicação e da fala se devem, entre outros fatores, ao tipo de autismo — nível 1 (leve), nível 2 (moderado) ou nível 3 (severo).
Como você pode imaginar, o TEA nível 1, por precisar de menos suporte, é o que permite o melhor desenvolvimento da fala e comunicação. Os outros dois níveis trazem mais dificuldades para as crianças no que diz respeito à aquisição da fala.
Qual o grau do autismo que não fala?
Normalmente, as crianças com TEA nível 3 são as que não desenvolvem a fala ou apresentam capacidade verbal limitada. Esse comprometimento da linguagem oral intensifica as dificuldades de interação social, o que pode levar a comportamentos desafiadores com repercussões negativas no convívio familiar e ambiente escolar.
Contudo, mesmo que algumas crianças autistas nunca desenvolvam a linguagem oral, não significa que elas não se comuniquem de outras maneiras.
A utilização de métodos e ferramentas de comunicação aumentativa e alternativa (CAA), como o sistema de comunicação por troca de imagens (PECS) e geradores de fala, ajuda as crianças com TEA a se expressar e interagir com o mundo ao seu redor.
Para crianças com TEA nível 1 e nível 2, existem outras intervenções que auxiliam no desenvolvimento da fala, como você vai conferir a seguir.
Como ensinar o filho autista a falar?
Ensinar uma criança autista a falar requer dedicação, paciência e suporte profissional de especialidades clínicas como fonoaudiologia, psicologia e terapia ocupacional. Com o apoio adequado, você pode oferecer as melhores condições para que seu filho com TEA desenvolva o seu potencial de fala e comunicação.
Algumas das intervenções mais indicadas são:
- estimulação precoce: atividades que incentivam a comunicação desde cedo — brincadeiras, jogos de imitação e leitura de livros infantis em temas que são do interesse da criança — aumentam a exposição aos sons e ajudam a construir a base para o desenvolvimento da fala;
- fonoterapia: o fonoaudiólogo é o profissional responsável por desenvolver planos de intervenção personalizada para a aquisição e desenvolvimento da fala em crianças com TEA. Sessões de fonoaudiologia frequentes melhoram habilidades comunicativas, desde a articulação de sons até a construção de frases;
- tecnologia assistiva: dispositivos de comunicação aumentativa e alternativa, como tablets com aplicativos de fala, permitem que a criança se comunique usando imagens, símbolos ou texto, e incentivam o uso da linguagem oral;
- intervenção comportamental: o método análise do comportamento aplicada (ABA) é eficiente para ensinar habilidades de forma estruturada. Fonoaudiólogos, psicólogos e outros profissionais de saúde podem utilizar a metodologia.
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